segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Cabaça


O tempo está solto, corre pelo solo
que agora está coberto, pronto para curar a erosão e o ph.
Não importa que esteja tudo a própria sorte, pois um alarme toca:
É o relógio passional, cuja única função é me fazer satisfazer suas vontades como sendo as minhas próprias.
Despertei nesse cortejo pensando "é com essa banda que quero tocar", então me entrego em abraço, vou de pele, língua, beijo e choque ao te sentir mútuo penetrar.
De tanto nos sentir bem, os 14 corpos em todos os planos com vida despertam também, todas as partes adormecidas vibrando ao som do amor que acontece a pleno vapor.
Esse caminho visceral chega num ninho, onde findo com um carinho pra te coroar.
Brotou cabaça da trepadeira, fez casa e colo pra uma vida inteira te encostar e descansar.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Eira e Beira


Daqui pra trás eu
  te acho em muito verso perdido,
em forma de pedido que eu fiz pra vida.
De você em diante
 enfrento os abismos pra aprender a voar.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Dezfecho

 Depois de ter cruzado as portas me procurei onde eu poderia estar, mas não me encontrei nas velhas ações, voltei aos mesmos lugares e fui outras pessoas, foi bom, é melhor.
Quanta ilusão, quanta teimosia em não querer ver, bem diante dos olhos e não aceitar a verdade que dói, dizia eu que aceitar dói menos, é isso.
 Negar a ação, tentar voltar, voltar pra onde? Só existe em frente, pressionando a bolha, mas de dentro. A liberdade tem esse escuro, esse espaço de deixar o outro viver aquilo que acredita, dar espaço é essencial e não perder mais tempo carregando as pedras dos outros, carregando os outros, tentando mostrar o que não se quer ver. Agora eu também tinha espaço para voltar, voltar pra onde? Tudo já havia sido sacrificado e não era por algo maior, era só para que cada um pudesse viver os anseios de seu próprio eu, o seu ego, e isso era importante, mas tinha que ser o mais importante?
 Não há mais o que lamentar, eu merecia sofrer, o outro não, pelo menos foi assim que acreditamos, que me fizeram acreditar. Um tem que perder pro outro ganhar, um tem que ter nada pro outro ter tudo e se realizar... Essa foi a escolha que todos fizeram e que eu compactuei, e agora acabou, que alivio, nos vemos lá na frente então, pois esse se foi e nunca mais vai me alcançar.
Tudo se desfez e agora vivo, vivo o efeito, pois existe tudo a ser feito.
Não há razão para chorar, não há tempo para ficar ou hesitar.
Des~fecho, eu abro, não serei prisão, não compactuarei em pequenas solidões, pequenas uniões separatistas. Escolhi a liberdade e escolhi tudo pois assim escolho nada, escolhi não sofrer vendo os que amam suas correntes e amarras.
Vivi as provações para ser meu próprio guardião e ele não me ilude a querer ser um rei tolo.
Tudo tenho mas nada terei, eu sou o vento e o fogo
sou antes de mais nada o fim,
desfecho dezembro para o novo que janeiro já vem.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

outbr

Eu queria sentir tudo outra vez, como naquelas vezes que meu coração estourou de felicidade. Queria me apaixonar por você, como planejei que outubro seria. Queria que meus esforços tivessem sido suficientes e cada historia nova tivesse passado como um rolo compressor em cima de risadas que eu não consigo esquecer. Dessa vez queria me apresentar de uma forma definitiva, queria que fosse pra ser, mas eu escolho muito bem tudo aquilo que não vai dar em nada, talvez nem sempre, mas só para garantir abandonei tudo e todos que não me abandonaram. Ninguém liga realmente para onde eu vou, não importa muito o que eu faço ou o meu esforço, existem pessoas melhores e mais interessantes que serão dignas do seu tempo e atenção, mas mesmo assim eu estive tentando ser alguém também. Esse é o meu mês favorito e eu planejei gastar todo o meu tempo livre buscando fazer algo bom me acontecer, mas faltam só 7 dias pro mês acabar e a vida não parece interessada em mim para que eu possa me agarrar a ela. Essa semana parece o meu outubro ou nada.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Segredo da Corrente

Alguém já te pediu ajuda?
Eu sei, aquele cara que sempre tá no farol da esquina, mas isso não conta porque eu sei que no fundo você sempre julga ele, pensa que ele deveria mudar de vida, que ele provavelmente bebe com o dinheiro que você dá e que se você segue com a sua porque diabos ele não segue com a vida dele de uma forma melhor? Não adianta conversar com você, não me leve a mal, pode ficar por aqui e ouvir, mas prefiro falar diretamente com ela, ela sim saberia ajudar tanto a ele quanto a mim e quem sabe até ajudar você, não que algum de nós mereça mas ela sempre sabe o que faz... Então agora me direciono a ela, sim você, sim..
Uma vez eu te pedi ajuda e você me ajudou, você me deu muito mais do que eu achava que daria na verdade, não foi de mãos beijadas, mas só agora eu entendo. Eu deveria ter vergonha pela minha ingratidão, mas você é maior que isso, não espera de mim vergonha, espera de mim retorno, como as leis do universo.
Eu sempre quero desistir, apenas nos poucos momentos como esse, esse agora em que entendo seus ensinamentos que eu te agradeço e me orgulho por ter aguentado e seguido vendo onde iríamos dar.
É quase sempre vendo nos outros aquilo que está dentro de mim que acabo entendendo o processo em que me coloquei, talvez esteja intrínseco de seu tratamento que a nossa cura seja a cura do outro e que essa seja a única maneira de nos salvarmos, eu diria que é uma magia muito bem elaborada, digna de um fim épico, descobrir que o encantamento final dessa historia precisa da união de uma corrente. Foi vendo os outros desviarem o olhar que entendi que não podia confiar em quem não confiava em si mesmo, e foi assim que aprendi a ter confiança,  dessa forma mereci de volta a confiança de quem me encarava. Foi vendo o outro estagnado que busquei me movimentar, e vendo o outro fugir que criei coragem pra enfrentar, foi vendo o outro se afundar em mentiras que busquei desesperadamente a verdade, e ouvindo delírios alheios que eliminei os meus próprios; foi vendo o como relacionamentos eram quase sempre tapas buracos existenciais que me permiti viver a solidão e foi no caminho mais difícil que eu pude ensinar nos mais fáceis. Eu vi o como você foi rasa com quem foi raso com você, seu nome deveria ser reciprocidade, jamais presenteou aqueles que nunca contemplaram o trabalho duro que você exigia, eu vi o quanto você deu a quem se permitiu, e eu vi você me dar respostas, depois perguntas e me confundir tanto a ponto de eu entender finalmente que se a razão vencer a emoção, a vida perde o sabor, e que se caso isso aconteça conosco, devemos seguir gentilmente respeitando as razões e emoções alheias. Eu vi você tirar de mim todas as muletas que eu poderia usar, eu vi você me matando, eu vi você me fazendo sofrer repetidamente de forma intensa, me tirando tudo, até eu entender em quem eu unicamente precisava confiar. Você me balançou, me testou, e ainda vai me balançar e testar, e eu duvido que isso algum dia se torne fácil, mas você não me preparou dessa maneira pra agora eu resolver fugir, você me preparou para trabalhar ao seu lado e sem ilusões, apenas com a consciência e no agora.
Foram livros e textos, códigos escondidos em sinais, conversas sem fim, direcionamentos, rebelações após revelações, tudo para me ater ao simples, tudo quase quebrando os limites da sanidade para merecer a claridade.
Com você eu entendi que a terra precisava de ajuda, com você eu aceitei o quanto eu era pequena, mas que mesmo assim precisava fazer a minha parte e que essa era a única maneira.
Eu vejo o tempo todo nos outros e em mim, mas quando você entra pra me ensinar, eu vejo que não existe o outro. Você não me julga, me ensina, e não passa a mão na minha cabeça, mas chuta a minha bunda das zonas de conforto... Basta você me mostrar uma puta merda de verdade que eu volto pro meu lugar de conforto que é sofrer, chorar, fugir, me afastar de tudo, dizer que não consigo, que quero desistir, que não sei o que fazer.. esse sempre foi um lugar fácil para eu estar, mas eu entendi que você não vai fazer o trabalho sujo, terei de fazer meus milagres e mudanças sempre por mim mesma. Eu vi tanta gente fugir de você, mas eu sei que fugiam de si mesmos, mesmo assim as vezes eu só queria mesmo é poder fugir de mim também... Mas sempre que estamos chegando perto do nosso encontro, me levanto cedo, com coragem e te procuro outra vez, pra você me mostrar um pouco mais dessa pessoa que eu quero e preciso tanto aprender a amar e depositar minhas melhores energias. As vezes me engano achando que poderei me perder de volta a propósitos banais, mas você não me permite autoengano, me leva de volta e mim e sabe que esse é o seu papel. Você não da a cura mas nos ensina a fabricar os nossos remédios, as nossas artes, as nossas musicas, danças, buscar a nossa felicidade vivendo um dia de cada vez. Abençoados os que aceitam de verdade o desafio. Você é tão humilde que jamais tomaria para si o mérito dessas vitórias, você nos vê crescer e não nos pede pra ficar.
Eu entendo agora que as visões eram rastros, que as entidades e personalidades os arquétipos que vinham de dentro, de uma cadeia de DNA pronta, contendo toda informação necessária, pois tudo vem mesmo de dentro e por isso eu sei qual a única pessoa eu devo confiar, e por isso jamais colocarei novamente a minha vida nas mãos de nenhuma outra pessoa ou ser. Você me deixou caminhar e descobrir por mim mesma que deve ser só minha a responsabilidade das minhas escolhas. Que ao querer tanto libertar o outro do mal, as vezes nos tornamos o mal e você me deixou viver e sentir na pele, me deixou absorver e me transformar, amar, me abrir e depois me fechar, odiar até conseguir transmutar, trabalhar o perdão, o auto perdão e a libertação. Você só quer que eu seja livre, e não se conforma que eu me apegue tanto as minhas correntes, você também paga o preço, quer tanto o meu bem que as vezes se torna o meu mal, mas me deu um lugar nessa corrente, e eu não vou ser o elo que vai deixar que ela se arrebente.

domingo, 18 de setembro de 2016

casal



ela está confusa, é uma tremenda perda de tempo pensar em tudo isso, até porque, se pensar bem vai ver que caminhar em direção ao conforto faz dela uma piada pronta, faz dela aquilo que ela temia tanto ser; a patologia viva e resistente de seus pais.
Lá vai ela, 21:41, noite de domingo, um mendigo grita ao outro que vai mata-lo e não se entende bem os motivos pois os gritos são abafados pela escola de samba vai-vai, que ensaia para o carnaval. Carrinhos de sucata estacionados a esquerda, ela passa no meio, a sua direita corpos deitados, o companheiro a atravessa "Que cara louco". Esquiva da miséria, mas a consciência alfineta na barriga, uma azia querendo abrir um buraco no estômago, enquanto tantos ali vivendo a fome, sua barriga cheia desfilava e ninguém além dela pensava ou ligava. Comeu por três ou mais e por isso faltava comida para três ou dez alguéns no mundo. Mas é questão de saber viver e vender, eles não souberam e a fome é um dos preços que se paga por não se adaptar a selvageria moderna.
Ele caminha confiante, o destino que o desafiava a ser humilde o fez mais grosso e arrogante, um monstro fino de belo trato, acredita ter ganhado o jogo, pois está disposto a se vender. No bolso do casaco dois segredos para felicidade, dinheiro e fidelidade, manter as aparências custa caro e ele sabia o quanto pagava por todas aquelas imagens. Ligados como que através de uma corrente elétrica invisível, não conseguiam se livrar da rotina corrosiva, ela estava confusa, mas não sabia pensar por si só, e tentar era uma tremenda perda de tempo, tudo parecia no lugar, então porque não estava em paz? Olhando bem era fácil perceber a rachadura no seu mundo, autoengano, preferia afundar em seu frágil barco de omissão, acreditar que se esse mundo acabasse não existiria outro para viver. Ele oferece um presente, o segredo é tratá-la muito bem para que nunca de fato ela se permita perceber. Ela deu a ele uma filha, ele pede que ela sempre amarre uma fita branca na cabeça da criança, assim quando ele chega e a vê brincando, sente imensa paz. Talvez seja isso a felicidade, não temos culpa que nem todos possam experimentar... Mas nem mesmo a bela decoração, o carro, a vida aparentemente perfeita consegue esconder que debaixo de cada molécula comprada, a estrutura é feita de mentiras bem intencionadas. Sim.. boa intenção, motivada do mais puro egoísmo.
De noite ela sonha com um casarão onde ela sobe as escadas, a iluminação é artificial, um sonho lúcido, uma mulher grande de cabelos de fogo a recebe, o ar sugere bruxaria, e na trepidação do pensamento inconsciente a cena avança, já está na cama com uma antiga colega de escola, seminuas:
“o que estamos fazendo aqui?”
“vão nos filmar!”
Não sente repulsa, nem remorso, elas vão fazer pelo dinheiro e o sistema social não é assim? Jamais faça algo em que você é bom de graça! A mente procura rapidamente razões justas para socialmente ser sujo ter o sexo observado, qual era a maldade em ter seu gozo registrado? Mas aos poucos a exposição lhe invadia, a vergonha do que iriam falar,  sua reputação, sua moral em jogo, nada poderia valer mais, desiste. Se levanta para procurar suas roupas e na trepidação do pensamento inconsciente a cena avança, ainda no casarão, se ve em uma sala, o chão de madeira é pintado de branco, sete homens de meia idade, cabelos grisalhos, carecas, cachimbos, charutos, conhaques, bigodes. A cena é limpa, nada ali sugere corrupção ou sujeira. Da esquerda pra direita o segundo se levanta, envolve-a em seus braços, são os investidores de obras pornográficas. “Eu esperava que você resolvesse ficar” e envolvida no abraço de um completo estranho, desperta em sua cama sentindo-se vampirizada.
Ela está confusa, é uma tremenda perda de tempo pensar em tudo isso, até porque, pensando bem ela não se sentia de fato imoral, quem eram os sujos? A mulher que a aliciou? Os investidores de perversão? E ela vitima da situação? Não, ela não se incomodava em ser tocada, desejada, não se importava com as câmeras, no seu intimo vibrava com a possibilidade de ser vista, desejada, causar ereções, formigamentos e aceitaria o dinheiro se tudo fosse real. E ele? Ele estava impregnado nela e dela, já tinham se corrompido muito antes, se vendido, vendiam ilusão, e ele a comprava como ninguém, o tempo todo. No café da manhã ele era um vencedor, um vendedor que tinha tudo nas mãos, mas aos poucos ela rachava, apesar dos esforços dele em mantê-la anestesiada, ela havia cruzado a linha em um lugar onde não precisava e nem podia mais se enganar, ela habitava agora sua própria consciência.  

domingo, 14 de agosto de 2016

agora em botafogo

-Parece com alguém que se perdeu do rebanho.
-E sou, me perdi.
-Existe sempre um caminho para quem se perdeu, basta encontra-lo. Não existe um lugar que gostaria de ir?
-Nem em vida, nem na vida após a morte...
-Talvez então tenha apenas se perdido de Deus.
-E você já se perdeu para saber? Já se perdeu de você? Das pessoas que ama? Perdeu a calma e a coragem? A vontade? Perdeu a alegria? Os sonhos, a esperança a ponto de sentir que foi Deus quem esqueceu de você e por fim...
-Ei, espere um pouco, nunca lhe disseram? Perca tudo, só não perca a..
-Só não perca a fé! Pois eu a perdi... que descuido de minha parte, não é? Perder as coisas assim...
-Pois te olhando confirmo e me agarro a minha própria, é mesmo muito perigoso perdê-la. Perder a fé leva a perda total do juízo, nem nos céus nem na terra, pra quem perder o juízo não existe salvação.
-Não faz muito tempo, eu já fui alguém que acreditava em tudo, tive excesso de fé, e agora a tenho escassa. Me devastou acreditar em tudo, pois agora me dou a chance de me devastar por não acreditar em nada.
-Em algo deve acreditar, não há existência que suporte a vida incrédula, todos acreditam em algo, que seja em exatas, que seja na vida material.
-Pois não acredito em mais nada, meus estudos espirituais me tiraram a crença da vida material, e a vida material me tira a fé da vida espiritual, vê? Estou no marco zero, me sobrou o nada.
-Acreditou em ilusões, a vida na terra é ilusória, mas é real, a ilusão pode ser verdadeira, é louco quem se importa apenas com a razão, como podem duvidar daquilo que sentem? Como duvidam da energia, da magia divina e da força maior que move tudo?
-Os sentidos enganam, estamos todos enganados, não há um ser vivo que saiba de fato onde vai, mas circula, pois a fé os guia, pois sem a fé se perderiam em si mesmos... E bem, eu já me perdi, quem sabe não seja um caminho sem volta? Um beco sem saída? Não há causa que me sopre a vontade da vida, não há destino que não termine fatalmente no nada e cada vez que me pego a acreditar em algo, me alcança a razão de que não vale a pena lutar. Assim estou agora, consciente de solidão e é isso somente, não acredito em deuses, deusas, destinos, sorte, azar, futuro, não acredito nos conselhos, não acredito na caminhada, não acredito em vocês, por fim, não acredito em mim. Quem não crê em Deus fatalmente deixa de acreditar em si mesmo e se não fui eu quem outro dia disse "temos o tudo e temos o nada, e somente existe o tudo, porque do outro lado da balança existe o nada", e foi a caminhada me levou ao outro lado da balança, o nada.
-Sinto que não devesse estar onde se encontra, caminhou para o nada antes de seu tempo, por isso se perdeu. Não acredita você que muitos sábios avistaram o nada mas escolheram a caminhada? Preferiram ir a algum lugar, talvez para não enlouquecer em meio ao próprio saber?
-Sei que sim, e caminhando tiveram duas opções: Tornarem-se santos ou tornarem-se hipócritas. Talvez tivesse eu até vocação para santidade, mas dentro de mim sempre me julgaria hipócrita.
-E não crê em destino? Que está conversa foi premeditada por algo maior? Me sinto aqui em missão de resgate, é maior que eu acreditar, querer acreditar, sinto que esta no meu caminho por alguma razão, testar minha própria fé, te tirar da escuridão a que se prende.
-Vem a mim em meio a sua estrada, tentas me convencer a caminhar junto a ti e muitos outros, convencido pelo medo que precisamos ser salvos, mas aqui estou me recusando a circular por ai, te digo que não há salvação, pois não há perdição, prevejo e garanto que se a vida eterna continuar, um dia provavelmente tornarei a circular, não por fé, mas porque a inércia ei de me cansar.  Existem estagnados e caminhantes, ambos alienados, tal como caminhantes e estagnados, ambos esclarecidos. Dos infinitos tipos de movimentos, das infinitas possibilidades de destinos e múltiplos planos paralelos que poderíamos estar vivendo, a asma da solidão adoece, por isso tantos fogem a consciência, se apegam uns nos outros para fugir do outro lado da balança, e eu poderia viver minha vida buscando o tudo, como todos, fugindo do nada, mas no fim, é aqui onde eu iria acabar. Não adianta apontar uma direção para quem não vê mais sentido em caminhar.